sexta-feira, 10 de setembro de 2010

10 Minutos Do Seu Tempo Para Ser Integro

Estou relendo alguns artigos antigos de Amigos e resolvi postalos!
Aqui vai O Primeiro.
Recebi este a 4 anos Do Marcelo Nery Pr, da Ichtus Comunidade Terapeutica.


Quando ninguém está olhando... - 3/4/06 Sócrates argumentava que as pessoas, em geral, são boas mesmo sem correr o risco de punição se não o forem. Em seu livro A República, Platão apresenta a contra-argumentação que um suposto aluno de nome Glauco fez em resposta a esse aspecto da moral. À sua discordância ele intitulou de “O anel de Gyges”. O personagem de sua história era Gyges, um pastor de ovelhas a serviço do rei Candaules de Lydia. Após um terremoto, Gyges encontra uma caverna na montanha, onde havia um túmulo com um cadáver que usava um anel. Quando Gyges coloca o anel em seu próprio dedo, descobre que este o torna invisível. Gyges arranja então para ser escolhido como funcionário da corte e usa o seu poder de invisibilidade para seduzir a rainha. Com a ajuda desta, assassina o rei e torna-se ele próprio rei de Lydia, além de praticar muitas outras travessuras e crimes. A fábula de Glauco tem o dom de levantar uma importante questão moral, posta desta forma: sem ninguém para monitorar o seu comportamento, alguém seria capaz de resistir à tentação do mal? Se soubesse que seus atos não seriam testemunhados, respeitaríamos a dignidade do outro, sua intimidade, seus segredos, sua liberdade, sua propriedade, sua vida? Como proceder quando ninguém está olhando? Não são poucos os discípulos de Glauco, pois quando ninguém está olhando, muitas coisas acontecem que fazem abalar os pilares da moralidade e da ética. Quando ninguém está olhando... deputados são comprados para facilitar a aprovação de matérias que favorecem o governo; um assessor parlamentar esconde dólares de origem obscura na cueca; um assessor de ministro cobra propina de um operador de loteria; um funcionário público recebe propina para facilitar escolha em licitação; um filho do presidente transforma um modesto negócio de games num empreendimento milionário à custa de uma empresa concessionária de serviço público. Quando ninguém está olhando... é quebrado o sigilo bancário do caseiro que acusou o mais importante ministro do governo; o cidadão comum oferece suborno a um guarda de trânsito para escapar de uma multa; deputados votam (secretamente) para absolver colegas que eram réus confessos de crimes de corrupção; juízes enchem os tribunais com a contratação de parentes; o exército negocia com traficantes para reaver armas roubadas; um líder religioso abusa sexualmente de menores. Algum desses personagens faria as mesmas coisas se soubesse que seria apanhado? Até que ponto essa lassidão moral nas esferas superiores da liderança pode se espalhar por toda a sociedade? De modo geral, não se pode negar que um dos incentivos para alguém infringir uma lei ou regra moral repousa na crença de que outros também a violam. As pessoas parecem estar convencidas de que, se todo mundo age de determinada maneira, mesmo que ilegal, elas também podem. A lógica é essa: se todo mundo faz, então que mal há se eu o fizer também? O agravante é muito maior quando o mau exemplo vem de líderes que supostamente deveriam zelar pela moral e pelos bons costumes. Por outro lado, há os que apóiam a visão socrática da vida, de que as pessoas, em geral, são boas mesmo sem correr o risco de punição se não o forem. Por isso, quando ninguém está olhando... um taxista devolve ao usuário o pacote deixado em seu veículo; um zelador devolve uma carteira abarrotada de dinheiro a quem a perdeu; um funcionário público não se deixa subornar; um deputado vota segundo a sua consciência e faz prevalecer o decoro parlamentar; um juiz julga segundo a reta justiça; o policial zela pela lei e ordem; o cidadão comum faz o bem sem olhar a quem. Andar em retidão é um dever de cada cidadão, mesmo quando ninguém está olhando. Quanto ao crente em Jesus, este sabe que deve fazer o que é certo, não para ser visto, “como para agradar a homens, mas como servo de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus”; e também está ciente “de que cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor” (Ef 6.6). Acima de tudo, porém, temos de pensar que há um Deus que tudo vê: “Porque os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; ninguém se esconde diante de mim, nem se encobre a sua iniqüidade aos meus olhos” (Jr 16.17). Mesmo quando ninguém mais está olhando, prossigamos em fazer o que é certo, sejamos fiéis a Deus, pois nisso há uma recompensa. Deus diz: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda em reto caminho, esse me servirá” (Sl 101.6).

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